Diário...Recenseador – parte 8

Bom dia! falta menos de uma hora para eu sair novamente “EM CAMPO”, ou seja, visitar as casas para entrevista, o chamado recensear. Vamos lá, colocar em dia esse diário. Para mim está sendo muito gratificante, visto que estou tendo a oportunidade de conhecer muitas pessoas, e como em todo lugar, tem sempre uma que nos vem, como um teste, a vida é assim. Eu agradeço ao universo, que de 250 casas visitadas, fui testada duas vezes. Uma pessoa que não queria de forma nenhuma responder ao questionário, e me virou as costas. Como ando com um caderninho, peguei o manual do recenseador e copiei a lei. Coloquei esse pedaço de papel, na verdade, encaixei esse recado num ferro de construção que saia do muro, pelo lado de dentro, assim a pessoa teria a informação da obrigatoriedade. Na época eu não sabia que existe a possibilidade de ir para cadeia ou de pagar uma multa altíssima, pode chegar a dez salários mínimos. A outra pessoa foi a mais difícil para mim, eu já cansada, pois você fica em pé o tempo todo, no sol, no frio quando logo cedo e a noitinha, e essa noite fazia muito frio, eram 18he40minutos quando eu ia bater palmas em mais uma casa, foi num sábado, já era a terceira vez que passava pela casa, (durante a semana se encontrava fechada) e uma pessoa ao sair da residência, e ao me identificar me respondeu que aquela hora eu poderia ser uma farsa, que o IBGE não trabalha nesse horário. expliquei a ela que já havia passado durante a semana e que por isso estava passando nesse horário, que se não pudesse me atender eu voltaria no dia seguinte. Mis uma vez ouvi que eu não era do censo, mostrei novamente o crachá e informei que ela poderia ligar e confirmar com o IBGE, utilizando o nr. de minha matricula. Esta me respondeu que papel também se falsifica que eu era uma farsa. Após isso ela chamou outra pessoa e esta se recusou a me atender pois estava ocupada. Perguntei, (com toda paciência, só o divino para me serenar) se podia voltar no dia seguinte, domingo. Sim, ela respondeu,pode. Voltei então no dia seguinte e esta não se encontrava, ao perguntar a outra moradora se a pessoa em questão estaria dormindo, para poder voltar mais tarde, lá vinha ela e o companheiro com sacolas de mercado. Ufa que alivio, saber que mais um desafio estava terminando. E quem respondeu ao censo foi o companheiro, todo educado e solicito. E sabe mais? a pessoa que me desacatou no dia anterior nem moradora era!
Depois disso, nesse dia, não tive mais animo para continuar visitando as casas que se encontravam fechadas, deixei para o dia seguinte. Foi então que tive a idéia de escrever para o IBGE informando o ocorrido e o mais importante, pedir que divulgassem :
“ Peço a quem de direito que divulguem de alguma forma, e clara, que nós recenseadores não temos horário comercial para recensear. Por favor, divulguem em todos os canais, mostrem uma pessoa devidamente fardada e como é o crachá, onde está o telefone do IBGE para que as pessoas tirem suas duvidas.”
Qual foi minha surpresa, quando leio a uma resposta simples, que eu informasse o supervisor e informasse sempre o numero do IBGE ao entrevistado!!
respondi : “bom dia equipe de atendimento !!!
Pode ter certeza de que foi avisado sobre o numero, e muito mais conforme treinamento recebido! Eu informei o fato a vocês, a titulo de sugerir uma divulgação melhor e aproveito para mencionar que o questionário leva mais do que cinco minutos conforme divulgado em TV!!! e o supervisor tem conhecimento deste e de outros fatos.”
É pessoal, lidar com pessoas é um aprendizado e tanto, aprendi que lidar com o povo é mais fácil do que com órgãos que dizem atuar para o bem do povo!
Aprendi também, que sou uma funcionária temporária, de órgão público e por isso quem me desacatar, pode ir preso. Coisas que se lê muito quando visitamos determinados lugares, onde fala alguma coisa sobre isso e eu sempre achei ridículo, haja visto que esse pessoal pode nos ofender e não podemos revidar, se não vamos presos por desacato a autoridade! Sem comentários!
Voltando ao diário, foram duas experiências maravilhosas, aprendemos a dar valor a tudo. Em cerca de 250 casas já visitadas, duas negações, é uma benção. Ganhei um Halls de um dos moradores, quando no dia seguinte me viu andando pela rua novamente e agradecendo a forma do meu trabalho, outra que estava debulhando o feijão andu, que eu pensei ser o feijão e corda, que tanto gosto e conheci em Salvador. Outro que de lá de dentro de sua casa me dá um acesso e diz bom serviço! outro que me vê e diz: precisando de algo é só chamar! Enfim, os momentos positivos são bem maiores que os negativos.
Bom, hoje e amanha estarei buscando terminar o meu setor, e faltam 54 casas que se encontravam fechadas durante a semana e até o horário de 19h. Já estou saindo, um morador marcou comigo às 10h e quero estar lá sem falta antes um pouquinho, por segurança de não perder o ônibus pelo transito etc.
Depois conto mais.